segunda-feira, outubro 3

(achado nas bordas de um livro) (de poemas)

acordo na hora do fígado
mesmo haverá pouco o que fazer
esfregar com o vidro
d'água o ressecamento do sono
o vício da meia-luz

alastro água pelos pulmões
eu e você nos adiantamos a dizer a lua que ninguém
vê, aquela pedra de prata
urgente a rasgar o cansaço sob a cidade

desperta
a fome o apagamento
as falas entrecortadas
(um momento cristão)
você parte numa caravana voadora
eu estou na hora do fígado

enrodilhada como hera
este desígnio a borrão
deixar resmas, não seguir

desígnio em que horas, anteriores
se transviassem
em calidez intóxica

e não mais sozinha
a madrugada
e seus arrependimentos

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